"Reconhecer", conhecer novamente, algo que já se sabe, mas fica guardado em algum cantinho dentro da gente.
Descobri o termo Ayurveda, a Ciência da Vida, caminhando por entre corredores e vasculhando com olhar livre as prateleiras de uma livraria. Naquela época nem pensava em ser terapeuta. Deixava meus dias serem tomados pela atividade que exercia e às vezes buscava um respiro em algo que alegrava meu coração. Passeio em livrarias era um deles.
Me deparei com o livro da Dra Vinod Verna, intitulado Ayurveda, a medicina indiana que promove a saúde integral. Abri o livro, não entendi direito os tais Vata, Pitta e Kapha, mas no final do livro havia umas receitinhas práticas para cuidados de queixas comuns (ex: dor de cabeça, dor de estômago, acidez, tosse,...). Gostei! Comprei o livro. Chegando em casa, comecei a ler, juro que não entendi nada e optei por seguir as receitas. Quando sentia algum desconforto, buscava ali um tratamento natural.
Bem, tratamentos naturais me acompanham desde que me conheço por gente. Tive a sorte de crescer em uma família simples, imigrantes do interior de Portugal que buscavam na terra o seu alimento e remédio.
Foi natural pra mim tomar o xarope que minha avó preparava com agrião, poejo e mel. Receber de suas mãos a aplicação de ventosas, óleo nos ouvidos. Da minha mãe aprendi cuidados de beleza e do meu pai a busca por alimentos naturais (uma época seguimos um pouco da alimentação macrobiótica), além do tratamento com a medicina homeopática.
Então, alguém como eu, não é como é, por nada. E é só uma questão de tempo para que este estado se manifeste de uma outra maneira, mais intensiva e extensiva.
E esse estado começou a se intensificar quando comecei a praticar Ayurveda no final de 2015. Nessa época trabalhava em uma clínica dedicada exclusivamente à sua prática. Foi uma escola e tanto, dois anos intensos e muito bem vividos e apreendidos.
Ao final de 2017, uma viagem a Portugal me deu um impulso - sabe, sinto dentro de mim, que às vezes é preciso ir onde estão nossas raízes para ganhar força e motivação. Naquele período percebi como a prática de Ayurveda me fez reverenciar os meus antepassados, reconhecer a minha história - não, definitivamente não se vai muito longe sem raízes.
Quando voltei a minha meta era, compartilhar o conhecimento, a prática diária, sem nomes em sânscrito, mas a prática da vida, aquela sabiamente e singelamente realizada pelos nossos antepassados e que fomos deixando para trás em nome da praticidade e sei lá mais o quê!
Cuidados simples, percepções simples, aliás percepção e auto percepção - nossa, que diferença isso faz na vida. Observar a Natureza - que lição, aprendi com a minha mãe - a vejo se manifestar em mim!
Tudo isso é Ayurveda.
Reconheço Ayurveda quando me percebo uma engrenagem do Todo - não, não estou só, nem isolada.
Reconheço Ayurveda no resgate e valorização da minha história, que não começou, nem parará em mim.
Ayurveda é a própria VIDA em constante transformação!
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