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A falta que o toque faz


Sou aquele tipo de pessoa que adora toque! Quando criança lembro que fingia dor nas costas para a minha avó Idalina colocar ventosas. Ah e tinha a orelha, também. Adorava quando a minha avó colocava óleo morninho nos meus ouvidos, ou quando a minha mãe mexia nelas e eu logo pegava no sono (relato que ela sempre me fazia porque eu não me lembro). Também fingia estar dormindo na sala para que meu pai me carregasse em seus braços e me colocasse na cama. Por trás de cada ato estava uma necessidade, a do toque, o afago, o aconchego que um gesto de carinho nos proporciona. Nossa pele, nosso maior órgão, é mais do que um sistema sensorial, repleto de funções, que a propósito não sobreviveríamos sem elas. Quero compartilhar algumas com você:

1. Base para receptores sensoriais é a sede de um dos mais delicados sentidos, o tato;

2. Recebe e processa informações do meio (a pele é uma das sedes do dosha Pitta);

3. Media sensações;

4. Atua como barreira entre o nosso organismo e o ambiente externo;

5. Participa na regulagem da pressão arterial e na circulação sanguínea;

6. Regula a temperatura;

7. Participa no metabolismo e armazenamento de gordura;

8. Funciona como uma barreira ácida que nos protege contra várias bactérias;

E por aí vai.

Há um livro que gosto muito e que se chama Touching (colocarei a fonte no final desta matéria). Nele a autora nos chama a atenção para a importância do Toque como necessário à sobrevivência. Se aprendemos com a Natureza, ela nos mostra que animais recém-nascidos que não são lambidos por suas mães, seja por uma rejeição da fêmea ou uma retirada prematura desse contato, podem morrer em função de problemas gastrointestinais ou geniturinários.

Em outra pesquisa relacionada à massagem Shantala (técnica de massagem aplicada em crianças), o toque terapêutico, estimula o desenvolvimento psicomotor, sendo muito benéfico inclusive para os casos em que há atrasado nesse desenvolvimento, como por exemplo nas crianças com necessidades especiais.

Voltando a me referir à autora do livro Touching o toque afetuoso e consentido nos conduz a uma sensação de segurança e proteção, e o inverso é verdadeiro. Uma má experiência com o toque pode nos levar a traumas e uma inabilidade em nos relacionarmos com o outro.

Nesse período de isolamento, estando juntos em família, ou separados fisicamente de quem amamos, me chama a atenção a falta que o toque faz. A falta do abraço, do carinho, do afago, do beijo. E talvez isso tenha vindo à tona, porque muit@s de nós se sintam insegur@s com relação ao futuro. Inevitável não pensar...essa que escreve do lado de cá, também questiona o futuro, mas tenho feito a escolha de me manter no que se apresenta como possível e real, e aproveito para semear agora as melhores sementes que esse período me traz.

Então a mensagem que quero te trazer é:

Se você do outro lado pode trocar esse toque afetuoso, acolhedor e reparador, faça! - É muito comum eu indicar na Orientação Terapêutica que ofereço, como uma forma positiva de reconexão, consigo e com o outro.

Não esqueça que esse gesto de carinho passa pela gente também. Ao nos tocarmos, nos aconchegarmos... Já experimentou uma auto massagem?


Fonte:

Touching - The Human Significance of the Skin - Ashley Montagu

A influência da Shantala para o desenvolvimento dos bebês - Juliana Soriano - UNESP





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